caio - procedimento de rotina

a partir da leitura de Caio Fernando Abreu, passei a olhar para a minha própria condição homossexual e a procurar nela uma consciência e uma poesia. Esse blog mostra todo esse processo de buscas e pesquisas.

domingo, 6 de junho de 2010

eu não sou o que eu me construi sendo. Agora deu um colapso entre essas duas coisas, porque não havia duas, era tudo uma só.


E na verdade nem havia Eu. Que merda! 


A parte que tentava entender não podia, pensava que tinha razão. Enquanto o mundo se movia por dentro, e como nada na cabeça pudesse justificar, inventava para cada ação sua justificativa, tentando se criar um pouco acima do ser humano, pra não constatar que tinha merda na barriga, igualzinho aquele sujeito que por alguma razão aprendeu a odiar. E que passaria sabe Deus quanto tempo implorando o seu amor, sem o saber.


aprendeu assim odiar o pai a mãe e os vizinnhos todos um a um. Se fosse necessário fugiria. Não admitiria em si o mesmo equivoco: ser humano. Por isso partiu a primeira vez. As outras todas, já nem precisava de motivos: o mundo não presta, ou nunca presta o suficiente, qualquer um sabe disso.


E o pior já sabia, não havia céu, desde aquele momento já sabia. Sabia de tudo, sempre se pensou sabendo de tudo. Se assim não o fosse como então seria?. Era sabido assim. Mas por via das dúvidas começou a ler todos os manuais. Procurou sempre os recomendados pelo menor número de gente possível, para garantir assim um certo afastamento da mediocridade.


So não contava com o tempo. O poder do tempo é o de ruir.



Nenhum comentário: