caio - procedimento de rotina

a partir da leitura de Caio Fernando Abreu, passei a olhar para a minha própria condição homossexual e a procurar nela uma consciência e uma poesia. Esse blog mostra todo esse processo de buscas e pesquisas.

sábado, 25 de setembro de 2010

Miau!

De repente, ele aparece. Não. Não era quem se esperava, porque  não se esperava mais ninguém.
Quando alguém que realmente importa não nunca mais virá, de repente a gente se percebe não esperando mais ninguém. É quase triste. Mas lá do fundo, sabe Deus de que, é bom. Acho que é bom. Só porque é assim, deve ser bom. Mas... ele.

A gente esteve juntos pela segunda vez agora. A gente se vê quase todos os dias. A gente não se conhece, além daqui. Além dessa cama. Além dessa sala. Desse banheiro. Além de suas poucas palavras, em baixo tom : fica na baixa. Claro que eu fico.

Sem ser, ele é lindo. Talvez até por isso. Não me chama de nada. Não diz meu nome.

O que deu em você? pergunto. Sei lá. Eu quis e vim.
Melhor assim pensei. Eu quis e deitei. Eu quis e fiz tudo que devia ser feito. Eu não quis, mas ele se foi.

Eu nunca esperava, eu disse. Nunca espere, ele aconselhou. Assim é melhor.

Disse que volta. Disse que vai sim querer voltar. Eu nunca acredito. Passei a achar melhor que eu não acredite, além de não esperar.

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