caio - procedimento de rotina

a partir da leitura de Caio Fernando Abreu, passei a olhar para a minha própria condição homossexual e a procurar nela uma consciência e uma poesia. Esse blog mostra todo esse processo de buscas e pesquisas.

sábado, 8 de maio de 2010

procedimento de rotina #2

Testes com Procedimento de Rotina no espaço de ensaio (fotos - Denis Costa)


Oi,
Sabe, depois de tudo  que aconteceu, e não aconteceu, parece sempre que ficaram coisas pra dizer.
Mas eu prefiro não, nem dizer mais nada. Me pego escrevendo, escrevendo, sempre as mesmas coisas. As mesmas coisas. Gostei desse nome: esse quadro vai se chamar as mesmas coisas. Bom, é preciso seguir a vida. Te amando, fingindo que te amo, fingindo que não amo ninguém. Enfim. A vida é isso.A vida é isso? Que merda! A vida é isso. Eu queria mais. Eu pensei que poderia querer mais. Mas sabe eu entendi também isso por sua causa, não dá pra querer mais. Só dá pra querer o que pode ser. O que não pode ser a gente não deve querer. Mas a gente não é assim. A gente quer sempre o que não tem, o que também parece obvio, porque se você tem pra que querer, não é?
Mas eu estou mais tranqüilo, teve um tempo em que até uma musica brega. Perai.Eu ficava ouvindo aquelas músicas que eu passei a odiar.  E gostava de ficar lembrando de como a gente era feliz. Feliz. Feliz, eu não sei se sei o que isso significa mais. Eu sei    que a gente é sempre feliz e infeliz, tudo ao mesmo tempo, você gosta disso? Você gosta de saber que amanhã, hoje, depois, pouco importa?
Eu me acostumei com o dia a dia. Me acostumei com o que sempre estive acostumado e que por uns dias. Dias? Meses? Anos? Quanto tempo afinal? Quanto tempo faz a gente se conhece. Quanto tempo faz que eu sei que poderia viver essas coisas que nunca mais poderei esquecer. Quase como um castigo, sabia? Eu não sei porque que a gente vive afinal. Não sei se a idéia de deus, não, Deus deve ser escrito em maiúscula. 

Nenhum comentário: